quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Temer pede a empresários que procurem deputados para pedir votos a favor da reforma da Previdência

Em busca dos votos para aprovar a reforma da Previdência na Câmara, o presidente Michel Temer pediu nesta terça-feira (12) o apoio de empresários na tentativa de vencer a resistência de deputados que relutam em apreciar a proposta.
O presidente Michel Temer discursa a empresários em defesa da reforma da Previdência (Foto: Alan Santos/Presidência da República)Junto de ministros e parlamentares, o presidente recebeu um grupo de empresários no Palácio do Planalto. Ao abrir a reunião, Temer solicitou que os presentes ligassem para deputados e senadores e destacassem a importância de as mudanças previdenciárias propostas pelo governo serem aprovadas.
“Por isso que eu vim mais uma vez pedir aos senhores, fazer essa reunião de trabalho, para que os senhores e senhoras possam ligar para o seu deputado, ligar para o colega senador, ligar para quem quer que seja e dizer, ‘olha é importante, os setores produtivos do país querem isso’ [a reforma]”, disse Temer.
O presidente defendeu um "esforço concentrado", a fim de viabilizar a votação da reforma na semana que vem.
O projeto começará a ser discutido no plenário da Câmara na próxima quinta (14), porém só será votado caso o governo tenha os 308 votos necessários para aprová-lo em dois turnos.
Temer reforçou o pedido de apoio dos empresários no corpo a corpo com deputados, ao citar que a mobilização vai até a próxima terça (19).
"A hora é agora, por isso nós temos que aprovar [a reforma] neste ano", declarou.
Segundo o presidente, se a votação ficar para 2018, ela continuará na pauta, sendo tema da campanha eleitoral. Temer advertiu que todos os candidatos serão questionados sobre suas posições a respeito da reforma. O ideal, segundo ele, seria encerrar a análise da Câmara até o final de dezembro.
"Você vota isso agora na Câmara, vota em fevereiro no Senado e tira isso da frente. Todos vão verificar que foi pelo bem do país", defendeu.
Na defesa da reforma, Temer lembrou que a previdência está “praticamente” levando à falência estados e municípios e criando “grandes dificuldades” para o governo federal. Ele alertou que, adiando as mudanças, será preciso uma reforma mais "radicalizada".
“Daqui a dois e três anos, quem sabe, a reforma não seria suave como esta, mas será muito mais radicalizada. Quem sabe radicalizada a um ponto desagradável como aquilo que aconteceu em Portugal e na Grécia, em que retardando a revisão previdenciária, foi preciso fazer cortes de 20%, 30% na pensão dos aposentados, no vencimento do servidor público e fazendo com que o país passasse por situações de grande constrangimento econômico", afirmou.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, frisou mais uma vez o impacto da aprovação da reforma na retomada da economia brasileira. Ele afirmou que o mercado teve resultado ruim nesta terça-feira em razão da dúvida sobre a aprovação da proposta.
"Sabemos que o mercado foi mal hoje e a explicação que ouvi de várias operadoras é a dúvida sobre a reforma da Previdência. Este foi o aspecto crucial", afirmou Meirelles.
Um dos participantes do encontro, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, garantiu a Temer que o setor vai auxiliar na busca por votos favoráveis à reforma.
“Temos confiança de que a reforma da Previdência será aprovada, temos confiança de que o país está no rumo certo”, afirmou Andrade.
Os presidentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Carlos Megale, e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) , José Carlos Martins, também discursaram em defesa da reforma.
"Quanto antes essa reforma vier, melhor para todos. A hora é agora. Vamos aprovar, vamos trabalhar para isso" declarou Megale.

Críticas

A saia-justa da reunião ficou por conta da crítica do presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química, Fernando Figueiredo, à comunicação do governo.
Segundo ele, que conversou durante o dia com parlamentares, os deputados entendem que a estratégia não está funcionando.
"De uma forma geral, os deputados não estão vendo a comunicação do governo ser uma comunicação eficiente com a população", alertou.
Figueiredo afirmou que o slogan da reforma é "impessoal" e apontou a necessidade de "humanizar o diálogo".
"Se o senhor me permitir uma crítica, o slogan é, sinceramente, pior do que qualquer um que a indústria química teria feito. 'Reformar hoje para garantir o amanhã' é absolutamente impessoal, não fala com ninguém", disse Figueiredo.

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